Haja Amor!

Fomos nós que decidimos assim,
Amar sem hora marcada.
Apaixonarmo-nos sem compromisso.
Num local onde não há promessas
Nem juras de amor eterno.
Onde há espaço para longas conversas.
Sou eu, tu a um passo do efémero.

Está na minha hora, vou para casa.
Ficas na tua onde ninguém te ameaça.
Amanha vêmo-nos, ou depois...
Enfim...Quando nos der jeito.
Quando sentirmos saudades no peito
Quando nos apetecer.
Ninguém precisa sequer saber
Sou eu, tu e o nosso segredo...

Num mundo onde não entra o medo
Sou eu, tu e o que nós escolhermos.
Ou o que a vida nos proporcionar
Ou o que o futuro nos reserva
Ou o que quisermos conquistar.
Será o que for... Sem expectativas!
Sem dores, nem feridas
Sem sonhos, ou ilusões.
Sou eu, tu...sem obrigações.


É o paradigma da sociedade moderna, as novas relações, as novas formas de amar.
Dizem eles que a vida é um corre corre, que o tempo não chega... Que andam enrolados em trabalho, que não têm disposição para nada...
Não sei para que maratona andam eles a treinar, o que tanto procuram na vida... Mas cada vez mais, tenho amigos e casos conhecidos de pessoas que encontraram na distância entre duas casas uma nova forma de amar... De ficar, como se diz. Não são namorados, são ficantes! Encontram-se quando querem, só quando lhes apetece. Há uma espécie de subtil compromisso, de total (assim acreditam) exclusividade, mas não vivem juntos, não se encontram ou falam sequer diariamente. Só desfrutam do bom e do melhor que os relacionamentos têm. Expoentes máximos de paixão e amor carnal, jantares ou almoços desfrutados calmamente e marcados de improviso, passeios pela cidade ou uma fuga de fim de semana. Não aturam neuras, nem conhecem o lado lunar um do outro. Nunca se viram tristes... Nem sabem a que sabe a lágrima do outro. Só conhecem o que de bom e de melhor há na paixão.... Estão certos...errados? Vivem enganados ou descobriram a fórmula mágica para evitar a saturação dos compromissos de longa data? Já não há amor para sempre?

Não sei dizer... Agrada-me pelo menos que haja amor! Ou uma variante do que conhecemos do amor. Pelo menos não é um "one night stand" onde só importa a rápida satisfação do desejo carnal... Há aqui muito mais do que isso. E para mim, essa ilusão já me basta, pois a partilha e a busca do amor ( seja ele em que forma for) ainda é o que impulsiona a minha vida. 
No entanto, não me deixo enganar. Continuo a acreditar que este novo conceito de relacionamento é frágil. Há aqui um medo de ir mais além...o amor pleno e para sempre é difícil. Aliás como tudo o que vale a pena! Apaixonarmo-nos é a parcela mais simples da equação. Difícil é continuar lado a lado quando a paixão arrefece. Continuar a investir, a ser companheiro, ser compreensivo e mantermo-nos interessados no outro...no nós. Essa é a árdua tarefa do amor, e para isso eu acredito que nem todos estejamos preparados. 
Daí este novo conceito de relacionamento servir para muitos.
Felizmente, espero eu, não serve para todos.

Agrada-me que, pelo menos, haja amor!

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